
Cientistas descobrem em floresta dos Estados Unidos
um fungo gigantesco que ocupa área
equivalente a 47 estádios do Maracanã

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O FUNGO O Armillaria ostoyae lembra um emaranhado de galhosv pequenos e delgados, que formam uma rede sob a terra | A COMIDA Os filamentos se alimentam das árvores e no outono brotam do chão na forma de cogumelos amarelados | O TAMANHO O Armillaria pode atingir proporções colossais, como o encontrado em Oregon (área do fungo: 890 hectares), no noroeste dos Estados Unidos, que ocupa uma área superior à Enseada de Botafogo, no Rio |
Quando se pensa num ser vivo imenso, daqueles que podem ser comparados a ônibus ou prédios, a primeira imagem que vem à cabeça é a dos extintos dinossauros, com até 50 metros de comprimento. Na semana passada, pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostraram que a natureza consegue ser bem mais bizarra e produzir um organismo de dimensões ciclópicas, daquelas que escapam a nosso senso de escalas. Eles encontraram um fungo gigante, uma enorme rede de filamentos enraizada a cerca de 1 metro da superfície, abrangendo uma área superior a 890 hectares. O megafungo da espécieArmillaria ostoyae, típico de regiões temperadas na América do Norte e na Europa, enterrado sob a Floresta Nacional de Malheur, é tão grande que só pode ser dimensionado quando confrontado com cidades inteiras ou construções multiplicadas às dezenas. Nessa escala equivaleria a toda a enseada da Praia de Botafogo, seus arredores e o morro do Pão de Açúcar, ou a 47 estádios do Maracanã colocados lado a lado. Os cientistas ainda não calcularam quanto pesa toda essa estrutura viva. O fungo é um parasita bastante longevo, que busca alimento alojando-se nas raízes das plantas. Às vezes, dá sorte e encontra repasto suficiente para continuar a crescer por milhares de anos, como ocorreu na floresta americana.

O processo alimentar do Armillaria é igualmente peculiar. O fungo secreta enzimas capazes de quebrar os componentes químicos da madeira em moléculas menores e, depois, sorve o que lhe interessa. Todo o alimento é extraído das árvores, primeiro das raízes e depois do caule. O roubo de nutrientes é tão intenso que a árvore morre. Ao atingir o caule, o megafungo se manifesta sob nova forma, agora uma cobertura esbranquiçada e viscosa, parecida com uma camada de cola. Árvores de grande porte podem sobreviver por muitos anos ao ataque do fungo, mas perdem vigor e têm o crescimento bastante afetado. Um observador atento consegue identificar uma árvore atacada por esse pesadelo subterrâneo: as raízes enfraquecem, as folhas descolorem e caem, a madeira está sempre umedecida. Nem por isso o megafungo é um vilão. Os cientistas o consideram um elo essencial no ecossistema das florestas. A ele cabe o papel de lixeiro, limpando áreas para que novas árvores possam nascer. Mesmo assim, é um consolo saber que um ser desses jamais conseguiria sobreviver numa cidade.
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